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A cultura da monarquia e a estabilidade nas relações exteriores

  • Foto do escritor: Blenda Lara
    Blenda Lara
  • 8 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de jan. de 2022

Blenda Lara 08.05.2021


Com o falecimento do Príncipe Philip e o início do fim de uma era de ouro para a monarquia, pensei em escrever algo a respeito dessa figura tão diferenciada. A respeito da monarquia mais famosa do globo e que gera certo charme e particularidade a essa ilha do ao norte da Europa que se julga tão distante e singular, sendo ao mesmo tempo tão observada.

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A Monarquia é uma forma de governo caracterizada pela vitaliciedade, ou seja, há uma linha sucessória predeterminada, sendo que um reinado termina ou com o falecimento ou a renúncia do governante em exercício.

Mesmo que pareça perante as modernas relações internacionais algo antiquado, especialmente diante do nosso cenário econômico de grandes empresas e conglomerados econômicos, a monarquia inglesa ainda atrai atenção e, ao invés de prejuízo, dá lucro aos cofres britânicos.

Isso explica a natureza cultural da monarquia inglesa, vez que suas funções não são direcionadas a atos de governos, mas para a manutenção da unidade a partir da aproximação com o povo.

Paradoxalmente, a cobertura dos rituais fúnebres da morte do príncipe Philip foi objeto de críticas por parte da geração mais jovem. A cobertura foi considerada mórbida e excessiva e incomodou por haver modificado a grade de programas que estavam mais populares na semana.

Se em um dado momento foi um marco a primeira transmissão em TV de um casamento real (ideia do próprio Philip), por outro a visão da monarquia como algo antiquado reduziu o interesse popular por dar um último adeus ao esposo de sua principal governante. Isso demonstra a redução do papel da monarquia como um símbolo cultural decorativo?



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A monarquia inglesa já foi a mais poderosa de todo o Ocidente, tendo reais poderes de decisão política. A monarquia fez-se respeitar em tudo o que representa, sendo preservada desde a antiguidade por suas cerimônias, rituais, regras de conduta. A figura do rei é iconográfica, mesmo porque, por vezes, ele foi considerado um descendente direto de Adão, ou seja, "os verdadeiros lugarestenentes de Deus na terra". Ele carregava em si o poder de manter o equilíbrio da ordem social. Em tempos remotos até mesmo poderes "sobrenaturais" de cura já foram atribuídas a essas figuras.

Seu papel cultural passa a ser assumido quando do início da era das revoluções e a queda do Antigo Regime. A partir daí os monarcas deixaram de ser absolutos e foram limitados por seu povo, constituições e por outros poderes constituídos.

A monarquia atual é uma visível recordação do que foi a sua glória em outros tempos. Seus rituais servem mais à especulação pública em relação à vida dessas figuras reais, tais como se faz com as celebridades. Além disso, os protocolos monárquicos também permitem uma aproximação e um estreitamento diplomático do Reino Unido com o exterior. Todavia, internamente, o exercício de uma importância política algo pouco bem quisto e não permitido.



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O Príncipe Philip foi um grande cumpridor desses protocolos, apoiou a esposa e, mesmo sendo difícil para um homem fazer isso, sempre esteve a três passos atrás da rainha. Ficava à sombra de uma das mulheres mais poderosas do mundo. De uma infância conturbada, a um drama particular envolvendo o próprio estado de saúde de sua mãe, Philip construiu um enlace amoroso dos mais duradouros da face da terra e que teve um efeito direto na continuidade dessa forma de governo dentro da Inglaterra. Nesse sentido, um ponto para o casal britânico mais acompanhado do mundo.

Mesmo diante de escândalos ou novos formatos, a monarquia inglesa ainda continuará rendendo roteiros, como os da excelente The Crown, e hipnotizando a atenção pública. Na Inglaterra, a monarquia sintetiza a tradição e a identidade cultural do inglês médio: esguio, correto, elegante e socialmente consciente dos seus deveres. É a síntese dos costumes passados de geração em geração e algo que se perpetua no tempo, sendo até mesmo mais forte que ele.



 
 
 

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© 2020 Revista Brasileira de Análise Internacional ISSN 2965-1727

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