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A Suécia e Finlândia na OTAN: o bloqueio turco

  • Foto do escritor: Bruno Veillard
    Bruno Veillard
  • 14 de mar. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de set. de 2023


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Bruno Veillard


No dia 18 de maio de 2022 a Suécia e a Finlândia manifestaram seu interesse em ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A decisão ocorreu após a invasão russa no território ucraniano, e despertou os políticos nórdicos sobre a importância da segurança internacional na região do Mar Báltico.

A maioria dos Estados da OTAN recebeu de forma positiva o pedido, e 28 Estados-parte da Instituição concordam com a situação, pois geograficamente ambos os países localizam-se próximos da Federação Russa, sobretudo, do enclave de Kaliningrado, e além disso a própria Finlândia compartilha sua fronteira com a Rússia.

Diante das ações russas no Leste europeu os países nórdicos resolveram modificar sua perspectiva política, e solicitaram a entrada no Coletivo de defesa, todavia atualmente a Hungria e a Turquia ainda não ratificaram a aceitação de Suécia e Finlândia na Instituição, a qual necessita que todos os Estados-membros acordem o ingresso de um novo país. No tangente a Hungria aguarda-se um retorno do parlamento, entretanto a decisão precisa de aprovação dos políticos conservadores do país, os quais possuem ampla frente no governo.

A questão de maior sensibilidade é a Turquia, pois Ancara observa com desapontamento a mobilidade de curdos na Suécia, entre os quais existem membros do grupo dito terrorista Parti Karkerani Kurdistan (PKK – Partido dos Trabalhadores do Curdistão). Além disso a queima do alcorão em manifestação radical, pelo líder do Partido dinamarquês Hard Line (Linha Dura), Rasmus Paludan, em frente a embaixada turca em Estocolmo não contribui para o diálogo.

O jornal sueco Dagens Industri trouxe a declaração do Presidente turco, Recep Erdogan, sobre a pauta, o qual afirmou: “Você deixa as organizações terroristas descontroladas e depois espera apoio para ingressar na OTAN. Isso não vai acontecer". Além disso o jornal finlandês Svenska Yle apresentou o comentário do professor de Segurança e Estratégia no National Defense College, em Estocolmo, Tomas Ries, o qual disse: “Entende-se que a Finlândia tem uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia. Na Suécia, você também deve sentir que isso é um pouco autoinfligido. Que eles permitiram a queima do Alcorão em frente à embaixada turca é difícil de entender. Provavelmente há muitos aqui na Suécia que entenderiam se a Finlândia seguisse seu próprio caminho”.

Os analistas interpretam o processo de adesão sueco e finlandês a OTAN de forma condizente com a realidade atual, e compartilham da ideia de maior proteção territorial por meio do mecanismo de segurança coletiva, entretanto a queima do alcorão pelo radical Paludan, sob a perspectiva de liberdade de expressão, fere a liberdade religiosa, à medida que desrespeita-se a fé alheia e discrimina seus adeptos.

A ostentação de grupos simpatizantes do PKK na Suécia conduzem a um movimento natural de declinação turca. No mínimo é um equívoco das autoridades suecas permitir o apoio a grupos considerados terroristas nas ruas, e erro maior entender, tal qual uma manifestação democrática as ações odiosas de Paludan e seus apoiadores. Certamente eles não gostariam de tratamento similar a si por terceiros grupos sociais.

A percepção quanto ao futuro ainda demonstra incerteza, porém é possível que a Finlândia permaneça sozinha no objetivo de ingresso na Aliança militar, cujo reflexo recairia sobre a Suécia de forma negativa por causa de disparidades com a Turquia. Ainda torna-se factível que a entrada de Estocolmo alcance facilidade na OTAN por pressão política dos demais atores da Instituição sob Ancara, ou mesmo que a conjuntura eleitoral mude a decisão dos turcos sobre a questão.


Referências:


Finlândia abre adesão à OTAN sem a Suécia

(Acesso em: 24.01.2023)


Resposta dos especialistas: nesses casos, a Finlândia ingressará na OTAN sem a Suécia

(Acesso em: 24.01.2023)


Imagem: Estados nórdicos

(Acesso em: 24.01.2023)







 
 
 

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© 2020 Revista Brasileira de Análise Internacional ISSN 2965-1727

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