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Bolsonaro, hasta la vista, baby, e até nunca mais

  • Foto do escritor: Blenda Lara
    Blenda Lara
  • 7 de jan. de 2023
  • 2 min de leitura

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Bolsonaro representou o maior risco de ruptura democrática desde o fim dos anos de chumbo.

Por diversas vezes ensaiado em 2021, o golpe não se concretizou. Ao não aceitar a derrota publicamente, apequenou-se ainda mais o ex-presidente.

O rito de passagem da entrega da faixa não foi cumprido, nem por ele, nem por seu vice. A Mourão coube fazer um pronunciamento no 31 de dezembro à nação, fazendo o que Bolsonaro não conseguiu: ter um compromisso com as instituições do Estado. O General defendeu o governo e suas realizações, as quais, apesar da mente brilhante do vice, são questionáveis.

Seria importante, para pacificar o país, que Bolsonaro tivesse agido como seu vice, embora o governante tenha deixado de governar antes mesmo do fim do mandato. Aliás, resta a pergunta se houve governo nos últimos quatro anos. Não tivemos um êxito em nenhum índice econômico ou social. O desemprego, a fome, a inflação voltaram a ser um desafio e ambos haviam sido mitigados pelos governos Lula e FHC.

Isso é o óbvio, mas era algo até que dava medo de dizer, porque a liberdade de expressão só voltou mesmo no dia 1o de janeiro de 2023.

Resta saber que herança um governo que não entregou quase nada de relevante deixa para os que alegam sentir falta. Quase morremos todos ou boa parte em uma pandemia com um governo gerindo um país com um ministro da saúde incapaz de gerir um hospital.

Isso porque Bolsonaro afastou toda liderança que lhe fazia sombra e lhe poderia ser uma ameaça à reeleição que tomava como certa. Foi assim com Mandetta, com Mourão e, de certa forma, até mesmo com Moro.

Em termos de política externa, seu primeiro Ministro de Relações Exteriores foi um desastre. Em que pese a louvável bandeira de buscar aproximar o Itamaraty da população, a gestão dele foi diacrônica. Ernesto, representante da vertente olavista e ideológica do governo, quase nos colocou em um conflito direto com a Venezuela, algo que foi impedido pelos generais do Exército. Exerceu uma aproximação com alguns países baseado em ideologia, algo que não necessariamente nos rendeu ganhos concretos.

Houve avanços na celebração de acordos que há muito estavam estagnados, mas o MERCOSUL, foi deixado de lado. E antes que o leitor pense que esse mercado não é importante, pergunte isso para um empresário que atue em comércio exterior. Bolsonaro discursou na ONU declarando "guerra" ao mundo, defendendo um isolacionismo exacerbado e um discurso direita x esquerda, que nem em filmes de James Bond se vê mais. O desmatamento na Amazônia nos deixou mal perante o mundo e fez com que o Acordo Mercosul-União Europeia ficasse estagnado. Para não considerarmos 4 anos de perda total, houve a adesão à OCDE, bem lembrada pelo General Mourão.

Não haveria qualquer ganho que esse governo pudesse trazer que valesse o risco que corremos. O Brasil flertou e flertou bem de perto com o fascismo. Nossas instituições imperfeitas conseguiram evitar que se instaurasse um regime totalitário. A ameaça que esse governo representou conseguiu deixar pequeno qualquer erro do passado cometido por outro governo. O bom é que agora dá para acordar e dizer a si mesmo, que bom, o país estava dormindo, Bolsonaro foi só um pesadelo.

 
 
 

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© 2020 Revista Brasileira de Análise Internacional ISSN 2965-1727

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